Brasil tem excesso de suprimento de GNL, aponta Eduardo Antonello
Com oito terminais de GNL em operação ou em fase de implementação, o Brasil vive um período de excesso de suprimento de gás natural. É o que aponta o consultor de energia Eduardo Antonello, fundador da Golar Power e da Macaw Energies.
Segundo ele, a capacidade de alimentação desses terminais é superior à demanda brasileira pelo insumo. “O mercado brasileiro já está bem saturado de terminais de GNL. Além dos terminais em funcionamento, outros devem entrar em operação em 2025 ou 2026, e existem outros projetos em andamento”, explica.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia e da ANP (Agência Nacional de Petróleo), a oferta de GNL aumentou 211% no ano passado.
Infraestrutura instalada é estratégica para o país, diz Eduardo Antonello
Apesar do excesso de suprimento de GNL, já que a capacidade de alimentação dos oito terminais de regaseificação citados superam em mais que o dobro o consumo interno, a infraestrutura instalada é considerada estratégica para o Brasil, especialmente no que se refere à segurança energética.
Para Eduardo Antonello, apesar de se tratar de um insumo importado, é um ponto de entrada importante para o país até que as negociações de compra de gás natural da Bolívia sejam retomadas.
Devido ao acordo Bolívia-Argentina realizado no início do ano, os volumes de GNL fornecidos à Petrobrás foram reduzidos para conseguir atender as demandas do país vizinho.
O que são terminais de regaseificação?
Terminais de regaseificação de GNL são utilizados em diversos países mundo afora por serem importantes alternativas para o suprimento de gás natural. Esses terminais têm diversas funções que vão desde o atendimento de demandas sazonais, como ocorre no Brasil quando é necessário ativar termelétricas para garantia do fornecimento de energia elétrica, para o abastecimento de mercados específicos, como backup de plantas de fornecimento de energias renováveis e, principalmente, para a segurança energética de um país.
Essas infraestruturas recebem esse nome devido ao processo de transferência do GNL do navio-metaneiro para uma FSRU (Unidade de Armazenamento e Regaseificação Flutuante).
Nesse processo, o gás natural liquefeito (GNL) é convertido para o estado gasoso para que seja estocado e transportado.
Criação de demanda na base
O Brasil vive um momento único de suprimento de GNL e diante da situação privilegiada, o consultor Eduardo Antonello, sugere a fomentação do mercado de gás natural no país.
“O país está bem servido de terminais e não há mais necessidade de investimentos nesse setor. A questão agora é criar demanda na base”, afirma em entrevista ao Poder 360.
Para ele, é preciso criar uma demanda firme na base para que haja aumento do consumo desse insumo, para estimular a distribuição e escoamento do GNL no país.